25 agrotóxicos detectados na água da cidade

Dados foram cruzados pela Repórter Brasil a partir de informações de 2022 publicadas no Sisagua do Ministério da Saúde. Mais da metade (56%) dos municípios não enviaram dados ou publicaram informações inconsistentes

25 agrotóxicos detectados na água da cidade
Foto: Andres Siimon/Unsplash


Um estudo da ONG Repórter Brasil constatou dois problemas graves: a alta presença de agrotóxicos nas redes de abastecimento de água das cidades brasileiras e a ausência de dados quando o assunto é saúde pública.

Isto é, conforme relatório divulgado, mais da metade dos municípios (56%) não enviaram dados ou publicaram informações consideradas inconsistentes pelo Ministério da Saúde para identificar a qualidade da água distribuída para a população.

Da parcela em que foi possível realizar esses testes (44%), foi identificado que a água que sai da torneira de 210 cidades no Brasil está contaminada. Dessas cidades, o alerta máximo para contaminação acendeu em 28 municípios, incluindo Divinópolis e outras 12 cidades mineiras.

Contaminação máxima

Conforme divulgado, dos 84 agrotóxicos que possuem na água de Divinópolis, 1 teve taxa acima do limite. Das 28 cidades incluídas na lista, a maioria possui 1 ou 2 em quantidade excessiva, com exceção da cidade de Aruanã (GO), que possui 17 agrotóxicos acima do limite. As informações são obtidas através do Painel do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua) do Ministério da Saúde.

Essa situação pode ser um risco à saúde, principalmente se a água for consumida de forma contínua. O consumo de água com altas concentrações de agrotóxicos pode aumentar os riscos de doenças crônicas, como câncer, distúrbios hormonais e problemas no sistema nervoso.

Os agrotóxicos com mais testes acima do limite foram o endrin, que gera problemas no sistema nervoso; e aldrin, com estudos sobre ser cancerígeno, ambos proibidos no Brasil, e também a atrazina, que pode gerar distúrbios endócrinos.

Situação em Itatiaiuçu

Ainda de acordo com os dados disponibilizados no Sisagua, são 210 municípios com 27 agrotóxicos na água. Os especialistas nomeiam como “coquetel de agrotóxicos”, que são comumente utilizados na agricultura. 

Apesar de a maioria dos testes estar abaixo do limite, é preciso se alertar para a interação entre esses pesticidas, que também podem gerar alterações na saúde. Isoladamente, dentro dos limites considerados seguros, a substância não acarreta problemas. Porém a mistura delas pode gerar consequências ainda desconhecidas ao organismo humano.

De acordo com a tabela, foram detectados 25 agrotóxicos em Itatiaiuçu. Na região, o número não apresenta muitas alterações: Igarapé, com 16 pesticidas; Brumadinho com 23; Rio Manso, 21; Itaguara, 27; Carmo do Cajuru, 18. Em Itaúna e Mateus Leme, os números não foram localizados, provavelmente por falta de envio de informações ao sistema do governo.

Responsabilização

As empresas de abastecimento de água são responsáveis por realizar os testes e publicar os resultados no Sisagua. Cabe aos municípios, estados e ao próprio ministério fiscalizar os casos e cobrar das empresas medidas para impedir que as substâncias ultrapassem os limites fixados.

Como garantir uma água limpa?

De acordo com a ONG, a única solução para garantir uma água segura é cobrar transparência dos fornecedores de água e mais controle sobre o uso de agrotóxicos. É dever do responsável pelo abastecimento divulgar resultados dos testes quando houver algo fora do padrão, mas isso ainda não acontece em todos os lugares.