3 em cada 4 pessoas com deficiências sofrem preconceito

Pesquisa do Instituto Locomotiva mostra dificuldade de deslocamento e medo relacionado à segurança

3 em cada 4 pessoas com  deficiências sofrem preconceito
Foto: Divulgação Agência Brasil


Cerca de 77% das pessoas com deficiência (PcDs) já passaram por pelo menos uma situação de preconceito durante seus deslocamentos pela cidade. Isto é, o capacitismo, que é a discriminação e o preconceito contra PcDs, atingem 3 em cada 4 pessoas no Brasil.

Os dados são da pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, com o apoio da Uber, divulgada na última terça-feira, 2. O estudo traçou um panorama sobre o perfil de deslocamento dessa população.

O termo “capacitismo” é relativamente novo e pouco utilizado no Brasil e inclui mais do que constrangimento e desafios a serem enfrentados, mas traz, também, medo e segregação.

Os números mostram que 86% dos entrevistados afirmaram ter algum medo relacionado à segurança, como ser furtado ou assaltado, ser agredido fisicamente ou sofrer um acidente de trânsito ao se deslocar. 

Além disso, dos entrevistados que utilizam transporte público, 45% afirmaram ter algum tipo de restrição na região onde moram, refletindo em atrasos e até mesmo perda de alguns compromissos por conta da falta de acessibilidade. 

Ainda em relação à forma de deslocamento, 50% utilizam cadeira de rodas e 47% carro particular. Cerca de 43% também afirmaram usar transporte por aplicativo, 34% usam ônibus e 14% metrô.

Para aquelas pessoas com deficiência visual, as opções mais comuns em 54% dos participantes são os aplicativos de mobilidade e caminhada. A maioria das saídas, cerca de 67%, são por razões de atendimento de saúde; 36% para visitas a familiares e amigos; e 35% para tratar de assuntos pessoais.

Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, o estudo revela inúmeros desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência em seus deslocamentos. A maioria dos entrevistados concorda que faltam opções de transporte seguro e confortável, evidenciando a carência de acessibilidade e a discriminação enfrentadas por essa população em seus trajetos. “A escassez de informação é apontada pelos entrevistados como uma das principais causas para o preconceito, que acarreta uma série de restrições em seus deslocamentos pelas cidades. Para combater o preconceito e promover uma sociedade mais inclusiva, é necessário educar a população para a inclusão de pessoas com deficiência. Empresas e governos precisam trabalhar juntos para implementar soluções efetivas e sustentáveis que garantam o direito de ir e vir, assegurando às pessoas com deficiência mais oportunidades de mobilidade pelas cidades”, afirmou Meirelles, em nota.

Sobre a pesquisa

Cerca de 800 pessoas com mais de 18 anos, com deficiência visual, auditiva, motora, intelectual ou múltipla, moradoras das regiões metropolitanas, participaram da pesquisa presencial, entre os dias 28 de fevereiro e 17 de março de 2023.