Cidade tem apenas um médico para cada 2.161 habitantes

OCDE cobra 3,5 médicos. Considerando que município tem 12.966 habitantes, número ideal seria de 45 médicos registrados

Cidade tem apenas um médico para cada 2.161 habitantes
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


No Brasil, há atualmente 575.930 médicos ativos, o que equivale a uma proporção de 2,81 profissionais por cada mil habitantes. As informações são da Demografia Médica CFM - Dados Oficiais sobre o Perfil dos Médicos Brasileiros 2024. 

Entre 2022 e 2023, houve um crescimento no número de médicos, quando o número foi de 538.095 para 572.960, representando um aumento de 6,5%. Apesar disso, a média ainda é baixa. O número está distante da recomendação da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que preconiza a necessidade de 3,5 médicos para cada mil habitantes.

Nesse cenário, Itatiaiuçu está mais distante ainda, visto que, conforme dados oficiais da página do Conselho Federal de Medicina (CRM) de Minas Gerais, a cidade mantém 0.462 médicos para cada mil habitantes, bem abaixo do necessário, com um total de apenas seis registros. Ou seja, um médico para cada 2.161 habitantes, arredondando os números, pois em se tratando de pessoas não há como fracionar. 

Para alcançar a média necessária, considerando que Itatiaiuçu tem 12.966 habitantes, conforme dados do IBGE de 2022, a cidade deveria ter cerca de 45 médicos registrados (número arredondado) para que cada um atendesse mil moradores. Assim, a realidade de Minas Gerais é melhor do que a da cidade, pois o estado conta com 3,39 médicos para cada mil mineiros, próximo de alcançar o índice proposto.

Na cidade vizinha Itaúna, a realidade é mais próxima da média nacional, mantendo 2,65 médicos para cada mil habitantes, número que também é o abaixo do necessário. Analisando as maiores cidades da região, Divinópolis é a cidade que apresenta a melhor relação médico/habitantes dentre elas, com 4,32 médicos para cada mil habitantes, ou seja, um médico para atender a cada 232 pessoas. E a pior situação é a de Nova Serrana, que também não alcança o dígito de um médico para cada mil habitantes, ficando com 0,82. Assim, naquela cidade, um médico teria que atender a 1.220 pessoas. A outra cidade das quatro maiores é Pará de Minas, que apresenta situação mais próxima da de Itaúna, porém, abaixo dos nossos índices, com 2,16 médicos para cada mil habitantes, ou seja, um médico para atender a 463 pessoas.

No Brasil, a melhor situação é a do estado de São Paulo, que conta com 4,16 médicos para cada mil habitantes, portanto, acima da média necessária conforme os organismos mundiais de saúde. Minas Gerais está próxima de alcançar o índice proposto de 3,5 médicos por mil habitantes (tem, hoje, 3,39). Porém, quando se analisa a situação com mais proximidade, vê-se que a maioria dos profissionais se concentra nos grandes centros. Com isso, obriga a migração de pacientes para estes locais. Desta forma, cidades como Divinópolis, que conseguem número confortável de médicos, convivem com a falta destes profissionais, pois eles são demandados pelos pacientes de municípios vizinhos.

O mesmo acontece, por exemplo, com Itaúna, que já conta com número inferior de médicos do que o necessário conforme os parâmetros mundiais e, ainda, “divide” a atenção destes profissionais com pacientes de municípios vizinhos, incluindo Itatiaiuçu. Assim, a demanda de Itaúna, na realidade, é maior do que os números frios demonstram, pois a população a ser atendida é maior do que a residente no município.

Situação das especialidades médicas

Em relação às especialidades dos médicos que têm registro de “ativos” no município, pode ser constatado a precariedade em algumas áreas, visto que as únicas especialidades contidas no portal do CFM são de pediatria (um registro), clínica médica (dois registros), anestesiologia (um registro) e medicina do trabalho (dois registros).

Ou seja, faltam especialidades como Cardiologia, Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica, Cirurgia Pediátrica, Endocrinologia, Geriatria, Medicina da Família e Comunidade, Nefrologia, Neurologia, Oftalmologia, Urologia, entre outros.

Consórcios municipais como alternativa

A situação da falta de médicos na realidade da saúde no país não é nova. E uma das propostas de maior alcance para enfrentar o problema surgiu em Minas Gerais, quando o ex-secretário de Saúde de Minas Rafael Guerra, posteriormente eleito deputado federal, implantou os consórcios intermunicipais de saúde, que depois foram aprovados em lei federal, em 2005. Porém, além da legislação, é necessário contar com a vontade política dos mandatários.

Os principais problemas e lacunas que dificultam a realidade da saúde no país são, além da valorização dos profissionais, com a oferta de condições de trabalho nas unidades de saúde, a organização da rotina de trabalho, dentre outras medidas necessárias. Fatores que levam, na maioria das vezes, os profissionais a procurarem trabalho em outras cidades.