CENSO 2022 - PcDs têm menor acesso à educação, renda e trabalho

Pela primeira vez, PNAD Contínua reúne e disponibiliza dados sobre pessoas com deficiência

CENSO 2022 - PcDs têm menor acesso à  educação, renda e trabalho
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


Em 2022, cerca de 18,6 milhões de pessoas com dois anos ou mais de idade tinham alguma deficiência. Isso representa 8,9% desse grupo etário. Dessa relação, 47,2% tinham 60 anos ou mais de idade. Os dados são do módulo Pessoas com Deficiência, da Pnad Contínua 2022,

Essa é a primeira vez no país que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reuniu dados sobre Pessoas com Deficiência (PcDs). Os dados referentes ao ano de 2022 destacam as desigualdades entre as regiões brasileiras e as parcelas da população, com o objetivo de garantir a inclusão e igualdade de oportunidades.

Os dados comprovam que os PcDs têm menor acesso à educação, ao trabalho e à renda. No terceiro trimestre de 2022, a taxa de analfabetismo entre pessoas com deficiência foi de 19,5%, enquanto entre as pessoas sem deficiência foi de 4,1%. Além disso, as pessoas com deficiência tiveram uma dificuldade maior para concluir os estudos. Apenas 25,6% tinham concluído pelo menos o ensino médio, enquanto 57,3% das pessoas sem deficiência alcançaram esse nível de instrução. Já a proporção de pessoas com nível superior foi de 7% para os PcDs e 20,9% para os sem deficiência.

Outro parâmetro foi sobre a empregabilidade, indicando uma participação desigual. No comparativo entre homens e mulheres sem deficiência, a taxa de participação no mercado de trabalho é de 25%, contra 57% das mulheres sem deficiência. Já 76% dos homens sem deficiência fazem parte da força de trabalho, contra 35% daqueles que têm alguma deficiência.

Por fim, a renda das pessoas com deficiência é 30% menor que a média no Brasil. Enquanto pessoas com deficiência receberam uma média de R$ 1.860, pessoas sem deficiência receberam R$ 2.690. Isto é, os PcDs tiveram um rendimento médio 70% inferior ao da média brasileira (R$ 2.652). Também há diferença no rendimento quando comparado com o gênero. Os homens com deficiência (R$ 2.157) receberam cerca de 27% a menos que os homens sem deficiência (R$2.941). Já as mulheres com deficiência (R$1.553) receberam aproximadamente 34% a menos do que as sem deficiência (R$ 2.347).

Ao identificar esses parâmetros, é possível repensar e planejar políticas públicas que promovam qualidade de vida, maior participação na sociedade e mais oportunidades para essa parcela da população.

A pesquisa identificou oito tipos de dificuldades: de ver, ouvir, de se comunicar, de andar ou subir degraus, de levantar uma garrafa de água de dois litros, de pegar objetos pequenos, de aprender e realizar cuidados especiais. As deficiências mais comuns identificadas foram as dificuldades de andar ou subir degraus (3,6%), de enxergar (3,1%) e de aprender ou se lembrar das coisas (2,6%). Cerca de 5,5% dos entrevistados declararam ter apenas uma deficiência, enquanto 3,4% disseram ter duas ou mais.