Censo 2023 - Itatiaiuçu registra 13 moradores indígenas
Brasil contabiliza 1,69 milhão de pessoas autodeclaradas. Dados são essenciais para a elaboração de políticas públicas e proteção dos povos originários
Redação Folha do Povo 
A população indígena do Brasil chegou a 1.693.535 pessoas, o que representa 0,83% do total de habitantes, distribuída por 4.832 municípios. É o que mostra os primeiros dados do Censo 2022 sobre os povos indígenas, divulgado na última segunda-feira, 7, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com o apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Ainda de acordo com os dados, somente em Minas Gerais são 36.699 indígenas, o que corresponde a 0,18% do total residente no estado. Desse total, 17.211 vivem dentro de terras indígenas e 24.562 fora de terras indígenas.
Já na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), na qual Itatiaiuçu faz parte, foram contabilizadas 6.356 pessoas indígenas. Em Itatiaiuçu, o número é de 13 indígenas. As únicas cidades da RMBH que têm número de indígenas menor que Itatiaiuçu é Mário Campos, com 11 indígenas; Caeté, com 8 indígenas; Florestal, com 8; Raposos, com 5; e, Baldim, com apenas 1.
A presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, destacou a importância dos dados do Censo para a elaboração de políticas públicas direcionadas aos povos originários.
“É fundamental que, na construção de estratégias voltadas aos povos indígenas, tenhamos dados que servirão para um planejamento estratégico, não somente números sobre a população, mas faixa etária, localização e no que precisamos avançar em termos de políticas sociais, políticas ambientais e para nos organizarmos como cidadãos brasileiros”, pontuou a presidenta, que também parabenizou todos os envolvidos na execução da pesquisa. Segundo Joenia Wapichana, o trabalho dos tradutores indígenas foi fundamental para o sucesso da iniciativa.
Aumento em 12 anos
Em 2010, o Censo havia contabilizado 896.917 pessoas indígenas, o que correspondia a 0,47% da população. Na última pesquisa, foi contabilizado um número maior de terras indígenas oficialmente delimitadas passando de 501 em 2010 para 573 em 2022.
Entre os motivos para esse aumento, o Instituto aponta aperfeiçoamento do mapeamento de localidades indígenas, inclusive nas cidades e em áreas remotas; procedimentos operacionais padronizados de abordagem às lideranças indígenas; preparação das equipes regionais e locais da Funai e Sesai para o apoio à operação censitária; incorporação da figura do guia comunitário indígena; treinamento diferenciado das equipes censitárias, além do monitoramento em tempo real da cobertura da coleta censitária e as adaptações metodológicas para facilitar a compreensão do questionário.
Maioria na região Norte
A região Norte destaca-se como aquela que concentra 44,48% da população indígena do país, com 753.357 pessoas. A região Nordeste reúne 31,22% da população indígena, com 528.800 pessoas. As duas regiões somam 75,71% da população indígena do Brasil.
Ainda de acordo com o Censo, o Amazonas, com 490.854, correspondendo a 28,98% da população indígena, e a Bahia, com 229.103 13,53% do total. Mato Grosso do Sul apresenta o terceiro maior quantitativo, com 116.346, seguido de Pernambuco, com 106.634, e Roraima, com 97.320. Estes cinco estados contabilizam 61,43% da população indígena.
Além disso, a Terra Indígena Yanomami (AM/RR) tem o maior número de pessoas indígenas (27.152), o equivalente a 4,36% do total em terras indígenas no país. O segundo maior número está na Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), com 26.176, seguida pela Terra Indígena Évare I (AM), com 20.177.
Em relação à domicílios particulares, os dados apontam que dos 72,4 milhões domicílios particulares permanentes ocupados do Brasil, 630.041 tinham pelo menos um morador indígena, correspondendo a 0,87% desse universo total. Desse total, 137.256 estavam localizados dentro de Terras Indígenas (21,79%) e 492.785 estavam localizados fora de Terras Indígenas (78,21%).
Quilombolas
Além desses dados, o Censo 2022 também identificou, pela primeira vez, dados sobre a população quilombola do país. Conforme a pesquisa, a população quilombola é de 1.327.802 pessoas, correspondendo a 0,65% da população. Há 1.696 municípios com população quilombola e 473.970 domicílios particulares permanentes com moradores quilombolas.
A maioria dessas pessoas se concentram na Região Nordeste, com 905.415 quilombolas (68,2%); seguida do Sudeste com 182.305 pessoas (26,24%) e o Norte com 166.069 pessoas (26,24%). Com 5,57% da população quilombola, as regiões Centro-Oeste e Sul têm 44.957 e 29.056 pessoas, respectivamente.
“A população quilombola se identifica não só pelo processo de escravização, mas principalmente pela resistência à opressão histórica”, disse Marta Antunes, responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE.
