LEVANTAMENTO DA CDL/SPC - Inadimplência cresce e atinge 40,15% da população adulta

Pesquisa aponta 65,19 milhões de negativados no país, com média das dívidas de R$ 3.883

LEVANTAMENTO DA CDL/SPC - Inadimplência cresce e atinge 40,15% da população adulta
Foto: SPC Brasil


Quatro em cada dez brasileiros adultos, cerca de 40,15%, estavam negativados em janeiro de 2023. É o que mostra o levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O levantamento inclui dados de capitais e interior de todos os Estados do país, além do Distrito Federal.

Os dados mostram que o número de inadimplentes voltou a crescer neste ano e atinge 65,19 milhões de brasileiros. O volume de consumidores com contas atrasadas cresceu 7,74% em relação ao mesmo período de 2022. A média das dívidas é de R$ 3.883. Considerando todas essas dívidas, a entidade estima que cada inadimplente devia, em média, para 2,02 empresas credoras.

Em relação à passagem de ano de dezembro de 2022 para janeiro de 2023, os dados mostram que o número de devedores cresceu 0,56%.

De acordo com o presidente da CNDL, José César da Costa, esses números podem ser explicados pelas datas festivas, como o Natal. “O início do ano é sempre um período de gastos extras e o consumidor ainda acumula as dívidas feitas no período do Natal e férias. Por isso, o momento deve ser de cautela na hora de consumir, a prioridade deve ser o pagamento das contas e a negociação das dívidas em atraso”, destaca.

O levantamento também indica o número de devedores em relação a sua faixa etária. O crescimento é expressivo em adultos entre 30 e 39 anos, são 16,15 milhões de pessoas registradas em cadastro de devedores nesta faixa. Isto é, o equivalente a 47,30% do total.

Em relação ao gênero, os dados mostram que a inadimplência segue bem distribuída entre os sexos, sendo 50,88% mulheres e 49,12% homens.

O presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro, alerta que o cenário pode modificar nos próximos meses. “A expectativa é de uma desaceleração econômica nos próximos meses, além disso, ainda é preciso acompanhar os impactos que os reajustes de salários base, que normalmente acontecem no início do ano, devem ter na inflação. Todo esse conjunto, aliado a uma taxa de juros ainda alta, deve impactar o orçamento das famílias, especialmente as de menor renda”, ressalta.

Um dos destaques do levantamento é a evolução das dívidas com o setor bancário, com aumento de 29,93%, seguido de Água e Luz, com aumento de 11,66%. Já nas dívidas com o setor credor de Comunicação e Comércio, os dados apresentam queda no total de dívidas em atraso, sendo -10,25% e -3,80%, respectivamente. Com esses aumentos e quedas, o setor credor de Bancos concentra 63,04% de participação das dívidas no total; o Comércio com 11,78% de participação; o setor de Água e Luz, com 10,80%; e Comunicação com 7,67% do total de dívidas.

“Para aqueles que já fizeram um planejamento financeiro para o ano, é hora de se manter firme, não cair em tentações, já que o cenário econômico ainda não favorece a tomada de crédito. Para quem não se planejou, ainda dá tempo para se programar e passar o ano sem dívidas. Evitar entrar em sites de lojas para dar aquela olhadinha ou excluir aquele aplicativo de compras do celular ajuda a frear o consumo por impulso, ao passo que fazer o levantamento completo da dívida e até considerar a venda de algum bem para limpar o nome pode ser uma saída para quem está negativado”, finaliza Merula Borges, especialista em finanças da CNDL.