Anvisa analisará nova vacina em breve
Em breve, o Instituto Butantan deve pedir registro de uma nova vacina contra a dengue. Desde 2009, pesquisadores do instituto estudam a produção de um novo imunizante. Atualmente, a produção está na fase final de ensaios clínicos, que vai até junho.
Conforme divulgado, o último paciente voluntário a receber a dose experimental completa cinco anos de acompanhamento. A previsão do instituto é que, entre junho e julho, o pedido de registro seja submetido para análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Classificada pelo próprio Butantan como problema de saúde pública no Brasil, a dengue contabiliza um total de quatro sorotipos. O tipo 3, que não circulava de forma epidêmica no país há mais de 15 anos, voltou a registrar casos.
Vítimas que contraíram dengue uma vez podem se infectar com outro sorotipo. Quando isso acontece, o quadro pode evoluir para o que é popularmente chamado de dengue grave, com risco aumentado de morte do paciente.
A vacina em desenvolvimento pelo Butantan, assim como a Qdenga, do laboratório japonês Takeda, que está sendo distribuída em alguns municípios pelo Ministério da Saúde, é tetravalente e contém os quatro tipos do vírus atenuados.
“Por estarem enfraquecidos, os vírus atenuados induzem a produção de anticorpos sem causar a doença e com poucas reações adversas”, destacou o instituto. O imunizante brasileiro, entretanto, conta com um diferencial: será administrado em dose única, contra as duas doses necessárias da Qdenga.
O imunizante em produção foi administrado em mais de 16 mil pessoas e, atualmente, a equipe acompanha os últimos voluntários incluídos. Os estudos mostram que, na fase 1 do ensaio, os resultados obtidos foram de 100% de geração de anticorpos em pessoas que já tiveram dengue e 90% de geração de anticorpos em indivíduos que nunca haviam tido contato com o vírus.
Na segunda fase, os voluntários receberam duas doses, e os resultados mostram 100% de taxa de soroconversão após a primeira dose em pessoas que já tiveram dengue e 92,6% de taxa de soroconversão em indivíduos que nunca foram infectados. Oitenta por cento dos voluntários produziram anticorpos contra os quatro sorotipos.
Já na última fase, segundo dados primários, foi registrado 79,6% de eficácia geral, 89,2% de eficácia naqueles que já tinham contraído dengue e 73,5% de eficácia em quem nunca teve contato com o vírus.
Chikungunya
Em dezembro, o instituto enviou à Anvisa pedido de registro definitivo para uso no Brasil de sua candidata à vacina contra o chikungunya, desenvolvida em parceria com a farmacêutica franco-austríaca Valneva.
O estudo mostrou que a vacina induziu a produção de anticorpos neutralizantes em 98,8% dos voluntários. Em novembro, o imunizante foi aprovado para uso nos Estados Unidos pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora norte-americana.
Casos
Nas primeiras semanas de 2024, conforme última atualização do Ministério da Saúde, o Brasil registrou um acumulado de 243.721 casos prováveis de dengue. Há ainda 24 mortes confirmadas e 163 em investigação. Também foram contabilizados 14.958 casos prováveis de chikungunya. Há ainda 3 mortes confirmadas e 12 em investigação.
Dessa quantia, 39.282 casos foram confirmados em Minas Gerais. Há 62 óbitos em investigação e 7 confirmados. O painel também registra 9.320 casos de chikungunya, 7 óbitos em investigação e 1 confirmado. Os dados de Zika vírus são inferiores, com apenas 2 casos confirmados e 15 em investigação.
Em Itatiaiuçu, de acordo com o painel da Secretaria de Saúde (SES/MG), o número de casos confirmados tem avançado. Já são 140 casos confirmados para a dengue. Um aumento de 44% em relação à semana anterior, quando havia 97 casos. Não há óbitos confirmados.
Cuidados
Enquanto a vacina não chega, a principal medida que deve ser tomada é a eliminação dos criadouros do mosquito. O Ministério da Saúde destaca a importância de a população receber os agentes de combate a endemias e agentes comunitários de saúde, que vão ajudar a encontrar e eliminar possíveis criadouros.
“Os sintomas de dengue, chikungunya ou zika são semelhantes. Eles incluem febre de início abrupto acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele, manchas vermelhas pelo corpo, além de náuseas, vômitos e dores abdominais”, explica.