Paralisia infantil- Doença pode voltar ao Brasil, apontam pesquisadores

Paralisia infantil-  Doença pode voltar  ao Brasil, apontam pesquisadores
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O último caso de poliomielite no Brasil foi registrado há 34 anos, em 19 de março de 1989. O marco foi alcançado com as intensas ações de vacinação, que conferiram aos brasileiros a certificação da eliminação da doença. No entanto, na última terça-feira, 2, durante a sétima edição do International Symposium on Immunobiologicals (ISI) - Simpósio Internacional de Imunobiológicos -, pesquisadores apontaram para o risco da volta da doença no Brasil.

O ISI é um encontro realizado anualmente entre profissionais da Fiocruz e entidades de referência na saúde pública, promovido pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos de Bio-Manguinhos/Fiocruz, no Rio de Janeiro.

A informação gerou um alerta entre as principais instituições do país, que apontaram a baixa cobertura vacinal como principal motivo de preocupação com a paralisia infantil, doença que pode matar ou provocar sequelas motoras graves.

“Com o processo de imigração constante, com baixas coberturas vacinais, a continuidade do uso da vacina oral, saneamento inadequado, grupos antivacinas e falta de vigilância ambiental, vamos ter o retorno da pólio. O que é uma tragédia anunciada”, afirmou a presidente da Câmara Técnica de Poliomielite do Ministério da Saúde, Luiza Helena Falleiros.

A pesquisadora citou um estudo do Comitê Regional de Certificação de Erradicação da Pólio 2022, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que aponta o Brasil como segundo país das Américas com maior risco de volta da poliomielite, atrás apenas do Haiti.

A informação aponta para a necessidade de reforçar a vacinação no país, principalmente depois da confirmação de um caso da doença no Peru, o primeiro caso em 32 anos. 

O assessor da Organização Pan-Americana da Saúde, José Cassio de Morais, destacou a importância da vacinação e confiança nos imunizantes. “É importante lembrar que a vacinação, além de uma proteção individual, é uma proteção coletiva. Vimos isso na questão da covid-19, em que muitas pessoas não quiseram se vacinar. E precisamos atentar para a questão da comunicação social. Temos uma avalanche de fake news a respeito das vacinas e que trazem muito dano para a população. Mas não temos quase notícias positivas a respeito da vacina. Tem tido muito pouca divulgação da campanha de vacinação contra influenza, por exemplo. Temos que melhorar isso, divulgar melhor os fatos positivos em relação à vacina”, afirmou o assessor da Opas.

Cobertura vacinal 

Em 2022, o Ministério da Saúde apontou que a cobertura vacinal para a doença no país ficou em 77,16%, não alcançando a meta de 95% recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para impedir a circulação do vírus.

Em Minas Gerais, mais da metade dos municípios atingiram a meta maior ou igual a 95% de vacinação. Os dados apontam que foram aplicadas quase 900 mil doses do imunizante, o que representa 84,30% de cobertura vacinal no estado, a maior porcentagem da região Sudeste.

Itatiaiuçu, conforme dados do portal do Departamento de Avaliação e Disseminação de Informações Estratégicas em Saúde (DEMAS), que contém os dados das campanhas de vacinação, é uma das cidades que alcançaram a meta do Ministério de Saúde, com 96,89% de cobertura vacinal. De acordo com o portal, das 610 pessoas que deveriam receber a vacinação (público-alvo), 591 receberam o imunizante.

Na sequência, de acordo com dados atualizados até novembro de 2022, aparecem São Paulo (64,67%); Espírito Santo (64,36%); e Rio de Janeiro (45,21%).

Conforme o Calendário Nacional de Vacinação, o imunizante é recomendado para crianças a partir de 2 meses até menores de 5 anos, com três doses aos 2, 4 e 6 meses de idade e mais dois reforços aos 15 meses e aos 4 anos.