HEPATITE B - Imunização abaixo de 50% entre os nascidos em 2022

Itatiaiuçu teve 103 bebês registrados no ano passado e 44 doses da vacina aplicadas

HEPATITE B - Imunização abaixo de 50%  entre os nascidos em 2022
Foto: REPRODUÇÃO SES MG


O Brasil nunca esteve em patamares tão baixos de proteção contra doenças imunopreveníveis, como hepatite B, sarampo, febre amarela e poliomielite. Conforme dados do estudo realizado pelo Observa Infância, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o percentual de bebês vacinados contra Hepatite B é um dos menores da história. O estudo foi realizado em parceria com o Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto (Unifase).

Os dados mostram que o país fechou o ano de 2021 com apenas 76% das crianças menores de 1 ano imunizadas contra a doença. Dados preliminares de 2022 registraram queda ainda mais acentuada, com apenas 75,2% de imunizações. A sequência de baixas na proteção vem desde 2019, com 72,6% de vacinados. Em 2020, foram 83,4%. 

Em Itatiaiuçu, com base nos números do portal do Departamento de Avaliação e Disseminação de Informações Estratégicas em Saúde (DEMAS), que contém os dados das campanhas de vacinação, o resultado não é diferente. Levando em consideração a quantidade de doses aplicadas comparadas ao número de nascidos vivos em 2022, o município imunizou pouco mais de 42% das crianças. 

Dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-BR) mostram que, no ano passado, Itatiaiuçu teve 103 nascimentos. Analisando esses dados junto aos números do Ministério da Saúde, em 2022, apenas 5 doses contra a Hepatite B foram aplicadas (uma em crianças de até 1 ano; uma de 5 a 9 anos; duas de 10 a 14 anos e uma de 10 a 14 anos de terceira dose) e 39 doses da vacina pentavalente (totalizando 44), que inclui proteção contra a difteria, tétano, coqueluche, poliomielite e Hepatite B. Esses números mostram uma baixa cobertura vacinal.

Em âmbito estadual, segundo dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações SI PNI, gerado em janeiro deste ano, o estado de Minas Gerais registrou apenas 81,71% de cobertura da hepatite B. Em 2021, a cobertura foi de 77,37%, registrando um aumento considerável. 

O imunizante contra a Hepatite B e outras doenças graves estão disponíveis gratuitamente durante todo o ano, em todas as unidades básicas de saúde. Segundo a coordenadora do Programa de Imunização da SES-MG, Josianne Gusmão, com a pandemia, houve uma queda nos índices de cobertura vacinal infantil. Essa queda pode ser explicada pela necessidade de manter o distanciamento seguro. 

Já a pesquisadora e coordenadora do Observa Infância, Patrícia Boccolini, explicou que a insegurança alimentar é um dos fatores que tem levado à queda da vacinação nos últimos anos e não só contra a hepatite B, mas também contra outras doenças. “O que vimos nos últimos anos foi o aumento da vulnerabilidade da população. Então se torna mais urgente pra família o que eles vão almoçar ou jantar e, com isso, a vacinação acaba se tornando uma preocupação secundária”, alertou.

“Imunização não é um assunto que deve ser só do Ministério da Saúde. Envolve também a educação e o desenvolvimento social, por exemplo, pela necessidade de busca ativa. As escolas têm um papel fundamental nesse resgate das altas coberturas, porque elas devem ser não só um lugar de educação em saúde, mas um polo de vacinação”, destacou.