Flexibilidade e segurança são desafios no setor

Levantamento que reúne dados de 33 grandes empresas aponta que uma em cada cinco pessoas que trabalham na indústria mineral é do sexo feminino. Presença negra e indígena é mínima

Flexibilidade e segurança são desafios no setor


Flexibilidade e segurança do ambiente de trabalho são um dos principais desafios para a retenção das mulheres no setor da mineração. Os dados são do 3º Relatório de Indicadores sobre Avanço da Inclusão das Mulheres na Indústria de Mineração Brasileira e foram apresentados pela organização Woman In Mining Brasil (WIM-Brasil). Conforme divulgado, o levantamento reúne dados de 33 grandes empresas do setor relacionados à diversidade, equidade e inclusão (DEI) da mulher na atividade minerária.

A presidente da WIM-Brasil, Patrícia Procópio, aponta que o ambiente da mineração ainda não está adequado para reter a mulher no mercado. Mais mulheres são atraídas para a indústria, mas por questões como falta de segurança – física e psicológica – e flexibilidade, muitas deixam o setor de forma voluntária ou involuntária.

“A flexibilidade vem sendo uma questão para homens e mulheres do mundo corporativo, mas extremamente importante para a mulher, que acumula, no seu dia a dia, uma série de atividades profissionais e pessoais, e a flexibilidade é necessária para ela”, afirma.

Para Aline Nunes, gerente de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), não há outro caminho para as empresas que não seja intensificar e estruturar ações voltadas para essas questões. “Falando especificamente das mulheres, as características delas na vida em sociedade, o nosso padrão cultural, elas precisam fazer parte da implementação desses programas. Isso deve estar enraizado dentro das empresas e ser a base para a montagem dessas iniciativas”, disse.

Presença feminina

O relatório também mostra que houve um avanço na presença feminina no setor. Os dados apontam que uma em cada cinco pessoas que trabalham na indústria mineral é do sexo feminino, ou seja, 21% do corpo funcional do setor. Isso representa um aumento de 4 pontos percentuais em comparação com o ano anterior.

Os dados são alarmantes no quesito de raça. Enquanto cerca de 4% das mulheres brancas estão em cargos de gestão e 33% das mulheres brancas em cargos não gerenciais, apenas 9% de mulheres pretas estão em cargos não gerenciais e nenhuma em cargos de gestão, além de 0% de presença indígena nas empresas. Os dados apontam que 2% de mulheres pardas estão em cargos de gestão e 43% em cargos não gerenciais. 

Contratações e demissões

Os dados também mostram que a quantidade de desligamentos femininos reportados em 2023 foi de 32%, o que configura um aumento de 16 pontos percentuais nos resultados do ano anterior. Em compensação, as contratações de mulheres foram superiores, com aumento de 32% para 43% em relação ao ano passado. Ou seja, as contratações desse público superaram os desligamentos.

O documento completo está disponível em https://indicadores2023.wimbrasil.org/Relatorio_WIM_2023.pdf.