DESIGUALDADE RACIAL - Preconceito e discriminação atingem 70% dos negros

Pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva e plataforma QuestionPro aponta que maioria da população negra já passou por situações de constrangimento

DESIGUALDADE RACIAL - Preconceito e discriminação atingem 70% dos negros
Foto: Joédson Alves Agência Brasil

Sete em cada dez pessoas negras já passaram por algum constrangimento por causa de preconceito ou discriminação racial. É o que mostra a pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Locomotiva e pela plataforma QuestionPro, entre os dias 4 e 13 de novembro.  

Os sentimentos de discriminação e preconceito foram vivenciados em diferentes situações cotidianas e impedem a liberdade de circulação e o bem-estar dessa população que representa 55,5% da população brasileira. De acordo com o Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 20,6 milhões (10,2%) se autodeclaram “pretos” e 92,1 milhões (45,3%), “pardos”.

O levantamento do Instituto Locomotiva revela que 39% das pessoas negras declararam que não correm para pegar transporte coletivo com medo de serem interpeladas. Também por causa de algum temor, 36% dos negros já deixaram de pedir informações à polícia nas ruas.

Além disso, os dados revelam constrangimentos no comércio: 46% das pessoas negras deixaram de entrar em lojas de marca para evitar embaraços; outras 36% não pediram ajuda a vendedores ou atendentes; 32% já preferiram não ir a agências bancárias; e 31% deixaram de ir a supermercados.

Saúde mental

Tipificado como crime no Brasil (Lei n° 7.716/1989), o racismo é uma realidade vivenciada cotidianamente pela população, que sofre violências físicas e psicológicas. A pesquisa mostra que 73% dos negros afirmaram que cenas vivenciadas de preconceitos e discriminação afetam a saúde mental.

Do total de pessoas entrevistadas, 68% afirmaram conhecer alguém que já sofreu constrangimento por ser negro. Entre os brancos, 36% admitem a possibilidade de terem sido preconceituosas contra negros, ainda que sem intenção.

Políticas públicas

Para o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, os dados apurados indicam “a necessidade urgente de políticas públicas e iniciativas sociais que ofereçam suporte emocional e psicológico adequado, além de medidas concretas para combater o racismo em suas diversas formas”.

Em nota, Meirelles diz que os números mostram de forma explícita que a desigualdade racial é uma realidade percebida por praticamente todos os brasileiros. “Essa constatação reforça a urgência de políticas públicas e ações efetivas para romper as barreiras estruturais que perpetuam essas desigualdades e limitam as oportunidades para milhões de pessoas negras no Brasil.”

A pesquisa feita na primeira quinzena deste mês tem representatividade nacional e colheu opiniões de 1.185 pessoas com 18 anos ou mais, que responderam diretamente a um questionário digital. A margem de erro é de 2,8 pontos percentuais. (Com informações da Agência Brasil)