FOLHA Entrevista - Prefeito Adélcio Morais

A FOLHA conversa nesta edição com o prefeito Adélcio Rosa de Morais, que chega à metade do seu mandato. Adélcio Rosa, 53 anos, natural de Itatiaiuçu, é filiado ao PSC, foi vereador entre 1997 e 2000 e presidente da Câmara, em 2020, foi eleito como prefeito pela primeira vez. Na entrevista, ele comentou sobre as ações que foram realizadas durante os últimos dois anos, as expectativas para os próximos 20 meses de trabalho e planejamentos em relação aos serviços de abastecimento de água e questões da área da saúde. Falou do futuro político e deixou de responder a última pergunta do jornal, que quis saber se ele disputará a reeleição.

FOLHA Entrevista - Prefeito Adélcio Morais

FOLHA – A metade do mandato já se foi... Aconteceram ações em todas as áreas, como saúde, educação, ação social, esporte, lazer, cultura, valorização do servidor público municipal, entretenimento e, principalmente, um planejamento para a industrialização e, consequentemente, o crescimento e o emprego. Até o momento, quais ações considera de maior importância para o cidadão itatiaiuçuense?

ADÉLCIO - A nossa prioridade sempre foi atender melhor a população. Dar voz e vez principalmente os mais humildes. Nesse sentido, várias ações importantes foram implementadas nos mais diversos setores. Nossa primeira ação foi ampliar os horários de atendimento de todos os setores da prefeitura, funcionando das 8 às 17 horas, de forma ininterrupta, desde o primeiro mês da nossa gestão, o que antes não ocorria. Agora, o cidadão pode aproveitar até mesmo o horário do almoço para resolver alguma demanda nos órgãos. Ampliamos também o horário de funcionamento da farmácia popular até às 22 horas. O paciente já sai da consulta da Policlínica com os medicamentos na mão. Zeramos diversas filas de espera na área da saúde (seja de exames ou de consultas); criamos e ampliamos diversos convênios, inclusive para cirurgias eletivas; implantamos a feira aos domingos, que permitiu que a população se apropriasse mais dos espaços públicos e os utilizasse mais. Criamos e implementamos o Face Card, que é um cartão de alimentação que só pode ser utilizado no município: além de valorizar o servidor, ainda movimenta mais de mais de 400 mil reais mensais no comércio local. Além da correção monetária para todos os servidores, demos reajuste real para os cargos de provimento efetivos, inclusive, em alguns casos, chegando a 50% de aumento. Ressaltando que estes servidores, há mais 10 anos, não haviam sido contemplados com nenhum reajuste real. Implantamos cargos de monitores em todos os transportes escolares. Fomos pioneiros na região ao implantar segurança nas escolas. Implantamos o Reurb (regularização de imóveis), ampliamos rotas e horários do transporte gratuito (embora disseram que iríamos extingui-lo), retornamos com a confecção de identidades na delegacia local, cedendo um servidor efetivo para efetuar essas atividades na Polícia Civil. Assumimos diversos processos de Licenciamento Ambiental, dando agilidade e autonomia ao município.

FOLHA – O que está para vir nos próximos 20 meses de mandato?

ADÉLCIO - Temos várias linhas de frente atuando para fazer entregas importantes nos próximos 20 meses, dentre elas, posso destacar a conclusão de vários projetos já iniciados: criação de um condomínio empresarial, construção de casas populares, construção da nova policlínica, construção de um PSF no Pio XII, conclusão da creche no Kennedy (que estava parada por problemas judiciais), construção de uma nova CEMEI em Santa Terezinha, construção de uma quadra em Vieiras, construção de um centro comunitário em Pinheiros, asfaltamento de várias vias; cursos técnicos do CEFET; diversificação econômica com um projeto pioneiro e inovador, o Conecta.

FOLHA – Em seu entendimento, preparar a cidade para o futuro nos setores primordiais, que são infraestrutura urbana, emprego e renda, consiste em que no dia a dia?

ADÉLCIO - No meu ponto de vista, preparar a cidade para o futuro vai além de infraestrutura e renda. Preparar a cidade para o futuro é investir nos pilares Saúde, Segurança e Educação. Se esses pilares estiverem sólidos, com toda certeza teremos uma cidade preparada para o futuro. Na saúde, já realizamos inúmeros investimentos, dentre os quais se destacam: a ampliação no quadro de médicos para atendimento na policlínica, realizamos convênio com a UFMG, ampliamos a dispensação de medicamentos gratuitos e também aumentamos o horário de funcionamento da farmácia popular, aumentamos os médicos especialistas, hoje temos mais de 20 especialidades atendendo no município. Zeramos diversas filas de espera por consultas e por exames mais complexos. Na segurança pública, equipamos e fornecemos novos veículos para a guarda municipal, além da manutenção dos convênios com a PM, compra de viaturas e ampliação do quartel (fase de orçamentária) e também com a Polícia Civil, que, além de reformas na delegacia, voltamos a atender os cidadãos na confecção de identidade e realização de vistorias e emissão de documentos veiculares sem a necessidade de deslocar para outro município, como era anteriormente. Na educação, implantamos reforço escolar para os alunos com dificuldade além de ampliarmos o tempo integral nas localidades (Pinheiros, Vieiros, Pedras e Kennedy), implantamos cursos de inglês e realizamos convênio com o CEFET-MG para qualificar a mão de obra local, ou seja, estamos qualificando nossas crianças/jovens para o mercado de trabalho.

FOLHA – As ações políticas com uma visão diferente dos governos anteriores estão centradas em propiciar o que exatamente para a população, no seu conceito?

ADÉLCIO - Todas as ações políticas estão centradas em propiciar qualidade de vida, dar voz e vez a todos os cidadãos, não somente uma pequena minoria, como era antes. Outro exemplo foi a criação de um trabalho de base jamais executado na história de Itatiaiuçu para a diversificação econômica. Criamos a Secretaria de Planejamento de Governo e Desenvolvimento Econômico e também já assinamos um protocolo de intenções com o IBRAM e com a AMM que se tornaram nossos grandes parceiros nessa empreitada. Um trabalho pautado em estudos e pesquisas desenvolvidos por profissionais altamente capacitados.

FOLHA – A cidade depende muito do setor minerário e o minério tem prazo para acabar. O que você pensa sobre isso? Qual a sua visão nesse sentido?

ADÉLCIO - Ao contrário do que muito se diz, o minério é extremamente importante para nossa cidade, porém é um recurso finito. Por isso precisamos diversificar a economia para que nos altos e baixos do minério, a população não sofra. Demos um pontapé inicial com o programa Conecta, que é um sucesso, inclusive, ganhou destaque na mídia mineira por sermos pioneiros em vários programas de diversificação econômica. Programas esses que os frutos serão colhidos daqui algum tempo, porém não é apenas uma ideologia, já criamos medidas bem efetivas e estruturadas, como exemplo podemos destacar: criação de um fundo de desenvolvimento Econômico, com aporte inicial de 30 milhões, para financiamento e expansão de negócios; criação de um Conselho de Desenvolvimento Econômico, que ficará responsável pela integração da gestão pública e por descentralizar a tomada de decisão por parte da administração pública; licenciamento ambiental de empreendimentos municipalizados até a classe 4 em operação; criamos um sistema municipalizado e pioneiro que vai reunir áreas e/ou imóveis disponíveis na cidade para atrair investidores e a nossa cidade se tornar sede de novos negócios. criação de um condomínio empresarial às margens da BR 381, que está entre as maiores malhas viárias do país; qualificação de mão de obra local, realizamos convênio com o CEFET uma das maiores e mais respeitadas instituições de Minas Gerais, criamos e aprovamos o bolsa trabalho e também estamos implantando a Sala mineira do empreendedor em conjunto com o SEBRAE, dentre outras ações.

FOLHA – A questão da saúde também é outra situação a ser analisada. Já sabemos que vocês vão construir uma nova unidade de atendimento à saúde, inclusive, já publicamos uma “maquete”. A dependência dos hospitais de Itaúna, Betim e BH precisa diminuir ou acabar?

ADÉLCIO - Com relação à saúde, não digo que somos dependentes de Itaúna. Itaúna é uma de nossas referências, conforme organização do SUS. Nossa nova policlínica terá uma estrutura moderna, com maior capacidade de atendimento e maior nível de complexidade. Teremos condições de resolver mais demandas da população sem necessidade de encaminhamento a outros municípios. Sobre uma de nossas referências, o Hospital Manoel Gonçalves, sabemos da grave crise que assola essa instituição. Em nosso convênio, pagamos para ser atendidos lá e em alguns casos os valores são até 300% acima do que determina a tabela SUS. Tempos atrás, fomos a única cidade da microrregião que contribuiu financeiramente com a crise enfrentada pelo hospital de Itaúna, com um aporte financeiro extra de mais de um milhão de reais em doação, fora os pagamentos realizados por cada paciente. O intuito de criar uma nova policlínica em Itatiaiuçu é ampliar os atendimentos e gerar mais conforto e qualidade para os nossos cidadãos.

FOLHA – Quais são seus planos em relação ao abastecimento de água? A população não gosta dos serviços da Copasa. O que você acha da implantação de um Serviço Autônomo de Água? Em Itaúna, o SAAE funciona muito bem... 

ADÉLCIO – Temos, sim, a intenção de instituir um serviço autônomo no município para abastecimento de água. Estamos realizando estudos técnicos para verificar a viabilidade e aguardando o término do contrato com a Copasa.

FOLHA – Muitos dizem que você teria dito que seria apenas um mandato, que não vai para a reeleição. É fato? 

ADÉLCIO - Há sempre muitas especulações sobre meu futuro político. Acho que, por ser uma pessoa mais reservada, as pessoas aproveitam para criar situações, dizer mentiras e talvez se beneficiar politicamente disso. Já disseram que eu não seria candidato, já disseram que, se aceitasse ser candidato, que não iria até o fim da campanha. Disseram que eu não seria eleito, disseram que eu estava perdendo nas pesquisas, até pesquisa fraudulenta circulou uma semana antes da eleição dizendo que eu seria derrotado. Depois de eleito, disseram que eu não tomaria posse. Após empossado, disseram que eu não terminaria o mandato. Disseram até que o meu problema grave de saúde, o infarto que sofri, era mentira só pra eu me afastar do cargo. Mas a história e o tempo mostraram a verdade. Sobre a reeleição, o que posso afirmar é que, quando aceitei o convite para ser candidato, não fiz compromisso algum, nem de que seria candidato à reeleição, nem de que eu não seria. Entendo que o momento é de trabalhar muito pela população. Ainda temos muito trabalho pela frente. No momento certo, tomarei minha decisão, que será baseada no desejo da população, no apoio da minha família e do grupo político que está comigo, e principalmente, com muita fé em Deus.